A colheita do café chega praticamente concluída em setembro nas principais regiões produtoras que também enfrenta o desafio da antecipação da florada, o que gera insegurança em relação às expectativas dos produtores quanto ao clima nos meses seguintes.
No Sul de Minas, os processos de varrição do café estão em pouco mais de 60%. Luiz Fernandez, engenheiro agrônomo e DTM (Desenvolvimento técnico de mercado), da Syngenta, explica que esta safra teve uma situação atípica na região devido às chuvas, que fizeram com que muitos cafés caíssem ao chão e aumentassem o volume na varrição.
“Não está sendo um ano excelente para a qualidade dos cafés. Percebemos que, de modo geral, está sendo um ano de qualidade razoável por conta disso. O café acelerou muito o processo de transição do estágio verde, cana e cereja para seco. E isso afetou a fisiologia da planta, fazendo com que o café seco se desprenda mais facilmente. Antes, tínhamos 15% de café no chão, mas agora, em média, percebemos que os produtores têm de 20% a 25%.”
Além disso, a florada chegou em algumas regiões. A Fundação Procafé, que acompanha a maioria das regiões produtoras do estado de Minas Gerais, ressalta que os eventos de florada ocorreram nas regiões mais quentes, como o Campo das Vertentes. Apesar da crença em uma safra maior em 2024, a incerteza em relação ao clima persiste entre os pesquisadores.
“Até o momento, as chuvas foram escassas. Dentro do mês de setembro, não são esperadas chuvas significativas. Os 15, 20, 25 milímetros que tivemos no Sul de Minas não serão suficientes para garantir uma boa florada. Foi apenas um bom começo, mas não é suficiente para garantir um bom pegamento”, destaca o pesquisador da Fundação Procafé, Alisson Fagundes.
Já o agrometeorologista Marco Antônio dos Santos, da Rural Clima, ressalta que as chuvas da florada dos últimos quinze dias são propícias, uma vez que favorecem a queda de temperatura, além de melhorar as condições para o desenvolvimento das lavouras do café e da florada do café.
“Nos próximos quarenta dia as chuvas vão ficar mais concentradas na região Sul do Brasil como: na Argentina, Uruguai, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, Paraguai, partes de São Paulo, Sul de Minas e principalmente no Mato Grosso do Sul. Então, muita atenção porque chover vai. Não é uma ausência, mas são chuvas irregulares,” conclui.
Nos últimos dois anos, a cafeicultura brasileira enfrentou um cenário climático delicado. A ocorrência de geada, chuvas de granizo e até mesmo a seca causaram grandes danos nas lavouras, principalmente em Minas Gerais, levando muitos produtores a reduzirem os investimentos em tratamentos nutricionais, conforme observa o engenheiro agrônomo Luiz Fernandes. “Percebemos que as lavouras perderam muitas reservas nos últimos três anos devido às condições climáticas.”
Na região de arábica, muitas lavouras estão prontas para florir na segunda quinzena de setembro, e o alerta é para a atenção com os cuidados culturais.
“A verdade é que ainda não sabemos se o clima vai se restabelecer com chuvas durante setembro, favorecendo a florada. A projeção ainda é indefinida. Do meu ponto de vista técnico, teremos uma safra maior em comparação com este ano, e precisamos torcer para que o clima continue favorável e também precisamos nos preocupar com o manejo dos tratos culturais das lavouras. Já que se tivermos frequência de chuva, aumento a umidade relativa, durante a noite um pouco mais frio favorecendo para phoma, bactéria, durante o dia esquenta e favorece a cercospora. Tem que trabalhar com bons produtos para garantir resultado em produtividade”, destaca Fernandes.
Os especialistas preveem que este será um ano com múltiplas floradas. No que diz respeito à produção do café Conilon, o Brasil teve um grande salto este ano, ultrapassando a marca dos três milhões de sacas.
O pesquisador da Embrapa Rondônia, Enrique Anástacio, relata que a safra deste ano foi muito positiva, com um aumento de 48 sacas por hectare, o que estimulou os produtores a terem boas expectativas para a safra do ano seguinte. A região também já registrou floradas, e o prognóstico inicial é positivo.
“As chuvas têm sido constantes, apesar da maioria dos cafezais ser irrigada. O clima, apesar do El Niño que estava preocupando a todos, não prejudicou as chuvas; não tivemos seca até o momento. Se o cenário continuar como está, com chuvas normais, tudo indica que teremos uma excelente colheita no próximo ano”, ressalta o pesquisador.
Apesar da incerteza climática, os cafeicultores brasileiros mostram resiliência. A expectativa de safra maior em 2024 e as chuvas favoráveis em algumas regiões trazem esperança. Contudo, cuidados culturais e monitoramento constante do clima são essenciais para uma colheita de qualidade. A cafeicultura enfrenta desafios, mas também demonstra capacidade de adaptação.
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A cidade onde nasci, GARÇA – SP e região é grande produtora de CAFÉ e em nenhuma reportagem é citada. Por que ?